segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O ABISMO ANHUMAS EM BONITO



Depois de tanta beleza, chegou a hora de muita, muita adrenalina. Sem deixar a beleza de lado! Hora de entrar por uma fenda apertada, descer um pouco pendurado em cordas fazendo rapel e dar de cara com imenso salão de uma caverna que tem o fundo cheio de água cristalina e azul.
Na descida de rapel, os 75 metros são de contemplação e encantamento.
O passeio começa na noite anterior ao passeio. Todos que vão ao Abismo Anhumas participam de um treinamento de rapel. O que mais pega é aprender a subir pelas cordas, que é o único jeito de voltar à superfície ao final do passeio. É a atração de Bonito que mais exige preparo físico.
O treinamento não é complicado. Cada um desce 9 metros de rapel duas vezes e sobe de volta para aprender o movimento de subida. Claro que mesmo com o treinamento rola uma apreensão. Tudo normal!
O caminho de Bonito até o Abismo Anhumas tem cerca de 14 kms de estrada de terra que está sendo pavimentada e é cercada por fazendas com bois. Esse caminho é o mesmo da Gruta do Lago Azul, mas fica um pouco mais distante.
Chegando lá, no meio da mata fechada, estão a fenda e a estrutura do rapel. Interessante que em todo momento há preocupação de causar o menor impacto possível ao meio ambiente.
Hora de chegar perto e ver a fenda onde desce o rapel. A sensação nesse momento passa por curiosidade, apreensão, ansiedade e para alguns um pouco de claustrofobia por ter que passar apertado entre pedras. Para respirar e curtir o lugar antes de descer, aconselho andar até a outra plataforma que leva a um mirante com uma “boca” de entrada maior. Desse mirante já dá para ter uma ideia melhor da altura do rapel.
Depois disso, não tem mais o que fazer. É colocar o equipamento de rapel, apertar aqui, ajustar ali e conferir as cordas. O abre e fecha dos mosquetões ditam o ritmo. A acelerada do coração indica a hora de prender a corda de segurança e ouvir o comando tranquilo de quem faz aquilo todos os dias: “pode sentar” e “pode tirar o pé do chão”!
Sem os pés no chão, já dentro da fenda, pendurado, é hora daquela foto com sorriso amarelo e sem graça. Começa a descida!
A partir desse momento é tentar relaxar e acostumar com o equipamento, o peso e a pressão das cordas. Depois dos primeiros momentos de aperto entre as rochas, já dá para ver o enorme salão com toda a formação e o fundo de água azul.
Familiarizado com o rapel, o momento foi de curtir o visual e reparar nos detalhes das formações. Já na parte debaixo, passando da metade da descida, o ideal é olhar para cima e constatar como é alto e bonito! 

O passeio ainda não acabou. Hora de colocar a roupa de neoprene, a máscara de mergulho, botinhas e pegar as lanternas. É isso mesmo, o passeio inclui uma flutuação no lago azul do fundo do Abismo ou um mergulho com cilindro, se você já tiver feito curso de mergulho antes e optar por pagar um pouco a mais.Nessa hora, duas coisas vem à cabeça. A primeira é a curiosidade de saber o que tem embaixo daquela água azul e a segunda é como será para subir de volta os 75 metros de rapel. Mas enquanto pensamos nisso chegamos na plataforma sobre a água. Na plataforma 2, pode-se tirar a cadeirinha do rapel e fazer algumas imagens na escuridão da caverna. Entre dezembro e fevereiro o sol entra pela “boca” da caverna ficando mais bonito e fácil de captar as imagens lá de dentro. Depois de alguns cliques, fomos para o outro lado da plataforma para subir em um pequeno bote inflável que dá  um giro completo pelo lago reparando atentamente nas formações e dando boas risadas com a palhaçada dos guias. 
Ao colocar a cabeça dentro da água gelada do lago azul, a impressão é de estar em outro planeta, outra dimensão, parece coisa de filme. O azul vai ficando mais intenso quanto mais fundo. O cenário é impressionante, uma descoberta a cada ponto iluminado pela pequena lanterna. A formação está presente no fundo do lago de forma diferente e a iluminação influencia o jeito de ver cada canto. A única companhia que temos embaixo d`água são poucos lambaris que ninguém sabe como chegaram ali. Ao chegar de volta à plataforma, tiramos o neoprene e demos um mergulho para dar uma “ligada” e sentir a verdadeira temperatura da água. Com o passeio chegando ao fim, falta a parte que considero a mais difícil, a subida.
Bom, a subida exige coordenação, força nas pernas e uma coisa que ninguém fala, mas que é importante que é ter a cabeça boa.
Coordenação e força nos pés porque são o segredo do movimento de subida com as cordas. Já a força mental vale como numa corrida longa, faz com que você fique motivado, não pense em desistir e não fique pensando que falta muito.
Ainda é tempo de curtir o visual nos intervalos de descanso.
Chegar na parte estreita da fenda há 70 metros do chão já é animador e colocar o pé na superficie é a vitória. Como escrito nas camisetas do Abismo “Eu sobrevivi!

Obs: relatos e depoimentos de um amigo viajante;
http://www.ajanelalaranja.com/2011/05/abismo-anhumas-bonito.html

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